segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Jejum...




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O melhor ponto de partida para um estudo do jejum encontra-se no Sermão do Monte. Em Mateus 6.1-18, Jesus Cristo dá instruções aos seus discípulos sobre três deveres inter-relacionados:

... dar esmolas... orar... e jejuar.


Em cada um desses três, Jesus coloca a ênfase principal na motivação, e adverte contra a ostentação religiosa com vistas a impressionar os homens, assim o jejum não deve ser usado para fazer uma boa impressão nos outros.

Mateus 6:17-18 “Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto, para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.”

Com esta ressalva, Cristo presume que seus discípulos praticarão regularmente a todos esses deveres. Sabemos isso pela forma como fala a respeito de cada um.

No versículo 2, Ele diz: `Quando deres esmola... ”

No versículo 6, Ele diz: `Quando orares (singular, ou individualmente)... ”;

e no versículo 7: `E, orando, não useis (plural, ou em conjunto)´...
No versículo 16, Ele diz: `Quando jejuardes... ” (plural, ou em conjunto);

e no versículo 17: `Tu, porém, quando jejuardes... ” (singular, ou individualmente).

Em nenhum dos casos Jesus Cristo diz: `se”, mas sempre `quando”.

A mensagem inferida é clara. Cristo espera que todos seus discípulos pratiquem regularmente todos esses três deveres. Especialmente no caso da oração e do jejum o paralelo é exato. Se Cristo espera que seus discípulos orem regularmente, da mesma maneira espera que jejuem regularmente.

O jejum fazia parte do dever religioso entre os judeus na época de Jesus Cristo. Fora praticado continuamente desde o tempo de Moisés. Tanto os fariseus como os discípulos de João Batista jejuavam regularmente.

O jejum é uma forma de demonstrar a Deus a nossa grande necessidade da Sua ajuda.

Esdras 8:21 “Então proclamei um jejum ali junto ao rio Ava, para nos humilharmos diante do nosso Deus, a fim de lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos pequeninos, e para toda a nossa fazenda.”

2Crônicas 20:3 “Então Josafá teve medo, e pôs-se a buscar ao Senhor, e apregoou jejum em todo o Judá.”

Muitos olham para o jejum como um fardo difícil de ser carregado e ignoram o verdadeiro sentido desta abstinência. Ficam sem alimentar-se por um período levado pelas adversidades, porém, não conseguem ver a grandeza deste ato de louvor ao Senhor. Resumindo: Passam Fome!

Em verdade o que é o jejum? Simplesmente abster-se de alimentos! Não!

Isaias 58.6,7 “Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo? Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?"

Na tentação de Jesus, há uma diferença notável entre as expressões usadas por Lucas para descrever Jesus antes e depois do seu jejum. Em Lucas 4.1, ele diz: `Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão´. Depois do jejum, em Lucas 4.14, lemos: `Então, pelo poder do Espírito, voltou Jesus para a Galiléia”.

Quando Jesus foi para o deserto, já estava cheio do Espírito Santo. Mas quando saiu do deserto, depois do jejum, veio no poder do Espírito. Aparentemente, o potencial do poder do Espírito Santo, que Jesus recebeu no momento do seu batismo no Jordão, só foi liberado para uma plena manifestação após completar o jejum. O jejum foi a fase final da sua preparação que tinha de ser completada antes que pudesse entrar no seu ministério público.

As mesmas leis espirituais que se aplicaram no próprio ministério de Jesus, são válidas também no ministério de seus discípulos.

Em João 14.12, Jesus diz: `...Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço... ”

Com estas palavras, Jesus abre o caminho para seus discípulos seguirem o padrão do seu próprio ministério.

Porém, em João 13.16, Jesus também diz: `... o servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou”.

Isto se aplica à preparação para o ministério. Se o jejum era uma parte necessária da preparação do próprio Jesus, deve ser uma parte importante também na preparação dos discípulos.

Neste respeito, Paulo era um verdadeiro discípulo de Jesus. O jejum era uma parte essencial do seu ministério. Logo após seu primeiro encontro com Cristo na estrada para Damasco, Paulo passou os três dias seguintes sem comer nem beber (ver Atos 9.9). Daí em diante, o jejum era uma parte regular da sua disciplina espiritual.

Em 2Coríntios 6.3-10, Paulo relaciona várias maneiras em que provou ser um verdadeiro ministro de Deus. No versículo 5, duas destas maneiras que citou são: `nas vigílias, nos jejuns´. Vigília é passar sem dormir; jejum significa passar sem comer. As duas disciplinas foram praticadas por Paulo em diversas épocas a fim de tornar seu ministério plenamente eficaz.

Outra vez, em 2Coríntios 11.23-27, Paulo volta a este tema. Referindo-se a outros homens que se colocaram como seus rivais no ministério, ele diz: `São ministros de Cristo? ... Eu ainda mais... ” Em seguida, faz uma longa lista das diversas maneiras em que demonstrou ser um verdadeiro ministro de Cristo.

No versículo 27, diz: `Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejuns muitas vezes... Aqui também, Paulo liga vigílias com jejum.

A forma plural `em jejuns´, indica que Paulo se dedicava a freqüentes períodos de jejum. `Fome e sede” refere-se a períodos em que nem comida nem água lhe estavam disponíveis. Os jejuns eram feitos quando havia comida, mas Paulo se abstinha deliberadamente por motivos espirituais.

Os cristãos do Novo Testamento não praticavam meramente o jejum individual como parte da sua disciplina pessoal. Praticavam-no também em conjunto, como parte do seu ministério público a Deus.

Como prova disso, temos o relato em Atos 13.1-3, onde profetas e mestres serviam ao Senhor, orando e jejuando, em Antioquia. Este tipo de atividade é descrito pela Escritura como `servir´ ou `ministrar ao Senhor”.

A maioria dos líderes cristãos ou das congregações hoje conhece muito pouco deste aspecto de ministério. Entretanto, na ordem divina, ministério ao Senhor vem antes do ministério aos homens.

Como fruto do ministério ao Senhor, o Espírito Santo traz a direção e o poder necessários para um ministério eficaz aos homens.

Foi assim em Antioquia. Enquanto aqueles cinco homens oraram e jejuaram juntos, O Espírito Santo revelou que tinha uma tarefa especial para dois entre eles – Barnabé e Saulo. Ele disse: `Separai-me agora a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado”.

Assim, é correto dizer, então, que o estabelecimento de uma igreja local em cada cidade é acompanhado por orações e jejuns coletivos. Olhando para os capítulos 13 e 14 do livro de Atos, podemos ver que oração e jejum praticado coletivamente era de importância vital no crescimento e desenvolvimento da igreja do Novo Testamento.

Foi através de orarem e jejuarem juntos que os cristãos primitivos recebiam direção e poder do Espírito Santo para decisões ou tarefas de importância especial.

O jejum também é um meio que o crente pode usar para levar seu corpo a sujeição. Em 1Coríntios 9.27, Paulo diz: `Mas esmurro o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado”.

Nosso corpo, com seus órgãos e apetites físicos, constitui um servo excelente, mas um mestre terrível. Portanto, é necessário sempre mantê-lo em sujeição. Cada vez que um cristão jejua para este propósito, está advertindo seu corpo: `Você é o servo, não o dono”.

Em Gálatas 5.17, Paulo desmascara a oposição direta que existe entre o Espírito Santo de Deus e a natureza carnal do homem: `Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si... ”

É importante compreender que o jejum muda o homem, não a Deus. O Espírito Santo, sendo o próprio Deus, tanto é onipotente como imutável. O jejum quebra as barreiras na natureza carnal do homem que se colocam no caminho da onipotência do Espírito Santo. Depois disso, com estas barreiras carnais removidas, o Espírito Santo pode operar desembaraçadamente na sua plenitude através das nossas orações.

Em Efésios 3.20, Paulo procura expressar o potencial inesgotável da oração: `Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos, ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós...

´O poder que opera em e através das nossas orações é o Espírito Santo. Removendo as barreiras carnais, o jejum abre caminho para a onipotência do Espírito Santo operar o `infinitamente mais do que tudo´ das promessas de Deus.

O jejum nunca alterará os justos padrões de Deus. Se algo estiver fora da vontade de Deus, o jejum jamais conseguirá colocá-lo dentro da vontade Dele. Se algo for errado e pecaminoso, ainda será errado e pecaminoso, não importa quanto tempo a pessoa tiver jejuado.

Há um exemplo disso em 2Samuel 12. Davi cometera adultério, do qual resultou uma criança. Deus declarou que uma parte do juízo sobre seu pecado seria a morte da criança. Davi jejuou sete dias, mas a criança ainda morreu. Jejuar sete dias não mudou o justo juízo de Deus sobre o ato pecaminoso de Davi. Se algo foi errado, o jejum não o consertará. Nada poderá fazer isso.

O jejum não é nem um truque nem uma solução universal. Deus não trata as coisas desta forma. Deus fez provisão completa para o bem-estar total do seu povo em todas as áreas das suas vidas: espiritual, física, e material. O jejum é uma parte desta provisão total.

O jejum não substitui nenhuma das outras partes da provisão de Deus. Igualmente, nenhuma outra parte da provisão de Deus substitui o jejum.

Em Colossenses 4.12, lemos que Epafras orou em favor de seus companheiros para que pudessem ser conservados `perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus´.

Isto estabelece um padrão muitíssimo alto para todos nós. Um meio bíblico à nossa disposição para alcançar este padrão é o jejum.

Alguns insistem em afirmar sobre o “jejum de Daniel”, onde deve-se abster de alguns tipos de alimentos, entretanto, não é o que encontramos na Palavra de Deus, pois Daniel aplicou seu coração ao Senhor:

Daniel 10:2-3 “Naqueles dias eu, Daniel, estava pranteando por três semanas inteiras. Nenhuma coisa desejável comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas completas.”

Assim deve ser o nosso viver, tudo quanto façamos, que seja feito no Senhor.

 

Paz a todos vocês que estão em Cristo.

 

Louvai ao Senhor!

 

 

Por Cristo. Em Cristo. Para Cristo.

 

Que Deus lhe abençoe!

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