“Continuou: Certo homem tinha dois filhos; o
mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele
lhes repartiu os haveres. Passados não muitos dias, o filho mais moço,
ajuntando tudo o que era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou
todos os seus bens, vivendo dissolutamente” (Lucas
15:11-13).
A Parábola do Filho
Pródigo é a que conclui e a mais comovedora das três parábolas que Jesus
ensinou para defender o seu tratamento com os pecadores. Poderia ter sido
chamada Parábola de Um Pai que Ama ao invés de Filho Pródigo porque abre o
coração de Deus e expõe os pensamentos dos homens pecadores. Mais ainda, era o
filho mais velho ao invés do mais novo que Jesus queria que os seus críticos
vissem, pois como ele, eles estavam tão perdidos quanto os “pecadores” que
desprezavam, mas na sua arrogante auto-justiça, eles não o sabiam. Eles eram,
de fato, os verdadeiros pródigos. Nesta parábola, Jesus propõe assegurar aos
pecadores escarnecidos a grandeza do amor perdoador de Deus e de repreender até
causar o arrependimento da arrogante insensatez dos seus críticos.
Esta parábola é uma
história comovente do amor de um pai por seus dois filhos perdidos, cujo
propósito é nos fazer sentir a sua angústia e a sua alegria. Uma ovelha perdida
e uma moeda perdida, uma vez encontradas, podem facilmente ser endireitadas,
mas o que se pode fazer com um filho teimoso e rebelde? Você pode repor uma
ovelha ou uma moeda perdida, mas como se repõe um filho perdido? “Perdido” e
“encontrado” chegam a sua intensidade total nesta história final.
O mais jovem dos dois
filhos, contencioso para com seu pai e determinado a levar uma vida própria,
exige adiantado a sua parte da herança (um terço, Deuteronômio 21:17). O seu
orgulho e a sua rebelião afastaram todos os pensamentos da bondade do seu pai
ou da dor que a sua partida trará. Neste momento, ele está completamente cheio
de si mesmo. Não é uma imagem bonita.
O pai, sabendo muito bem
do erro do menino, dá a ele sua herança e olha a partida do jovem – confiante,
ingrato e sem noção do que lhe espera. Podemos questionar por que o pai não
impediu o seu filho. A razão é simples: ele não impediu porque não poderia,
pois no seu coração o menino já havia partido, ele já estava na “terra
distante”.
Sem dúvida, o pródigo
fez a sua viagem relativamente intoxicado com sua liberdade recém encontrada.
Ele devia ter intenções de mais cedo ou mais tarde fazer a sua marca na vida,
mas sem ninguém a quem responder e sem ninguém pra ligar, ele rapidamente
acabou com sua herança numa orgia da carnalidade, e a liberdade na qual ele
havia se exaltado logo virou o tipo mais abjeto da escravidão. Uma fome
repentina o reduziu a última degradação (para um judeu) – cuidar de porcos para
um homem que o manteve num estado de quase morto de fome. A terra distante
tirou-lhe tudo que tinha e nada lhe deu. A própria liberdade que o havia
seduzido agora praticamente o destruiu. Ele é o mais baixo de todos os servos.
Este jovem é um modelo
perfeito do percurso egoísta da humanidade. Nós também recebemos uma herança
rica de Deus – corpos sadios, mentes boas, relacionamentos amorosos, um mundo
lindo. Ele “nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1
Timóteo 6:17) com apenas uma provisão, que devemos reconhecer, agradecidos, a
sua bondade. E o que temos feito? Nós pegamos estes presentes como se fossem
nossos por direito e os desperdiçamos em empreendimentos que são ou pecaminosos
ou sem sentido. A “terra distante” não é um lugar mas sim uma atitude. É a
arrogância impensada que diz que não precisamos do Deus que nos criou e que
estamos cansados de ele se metendo em nossas vidas. Então, declaramos
independência daquele que nos dá ”vida, respiração e tudo mais”, daquele que
até nos deu a independência! É quase impossível imaginar ser mais burro do que
isso. Foi exatamente desta maneira que Paulo descreveu a degradação do antigo
mundo gentio, “porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o
glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus
próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato” (Romanos
1:21).
O “filho pródigo” é
visto frequentemente como substituto por bêbados, viciados em drogas e atletas
sexuais. Mas isso é um erro. Há muitos pródigos retos que desperdiçam os dons de
Deus numa busca “respeitável” da riqueza ou do poder ou da sabedoria humana. As
vidas são jogadas no lixo em escritórios luxuosos tanto quanto em favelas. Você
pode encontrar a “terra distante” em muitos lugares.
O pecado é um
desperdício. Leva tudo que é precioso e insubstituível e o destrói. E isso
acontece porque tentamos pegar as nossas vidas para nós mesmos ao invés de
entregá-los a quem, na sua bondade as entregou a nós inicialmente (Mateus
16:25).
Por: Paul Earnhart
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