O livro de Esdras, cujo nome
provavelmente signifique “O Senhor tem ajudado”, deriva o seu título do
personagem principal dos caps. 7-10. A opinião conservadora e geralmente aceita
é de que Esdras tenha compilado ou escrito este livro juntamente com 1 e 2Crônicas
e Neemias. A Bíblia hebraica reconhecia Esdras e Neemias como um só livro.
O próprio Esdras era um
sacerdote, um “... escriba das palavras, dos mandamentos do SENHOR” (7.11).
Liderou o segundo dos três grupos que retornaram da Babilônia para Jerusalém.
Como homem devoto, estabeleceu firmemente a Lei (o Pentateuco) como a base da
fé (7.10).
Os eventos de Esdras cobrem um
período um pouco maior do que 80 anos e caem em dois segmentos distintos. O
primeiro (caps.1-6) cobre um período de cerca de 23 anos e tem como tema o
primeiro grupo que retorna do exílio sob Zorobabel e a reconstrução do templo.
Depois de mais de 60 anos de
cativeiro babilônico, Deus desperta o coração do regente da Babilônia, o rei
Ciro da Pérsia, Isaías 44.28, para publicar um edito que dizia que todo judeu
que assim desejasse poderia retornar pra Jerusalém a fim de reconstruir o
templo e a cidade . Um grupo de fiéis responde e partiu em 538 aC. sob a
liderança de Zorobabel. A construção do templo é iniciada, mas a oposição dos habitantes
não judeus desencoraja o povo, e a obra é interrompida. Deus, então, levanta os
ministérios proféticos de Ageu e Zacarias, que chamam o povo para completar a
obra. Embora bem menos esplêndido que o templo anterior, o de Salomão, o novo
templo é completado e dedicado em 515 aC.
Aproximadamente 60 anos depois
(458 aC.), outro grupo de exilados volta para Jerusalém liderados por Esdras
(caps. 7-10). São enviados pelo rei persa Artaxerxes, com somas adicionais de
dinheiro e valores para intensificar o culto no templo. Esdras também é
comissionado para apontar líderes em Jerusalém para supervisionar o povo. Já em
Jerusalém, Esdras assumiu o ministério de reformador espiritual, o que deve ter
durado cerca de um ano. Sacerdote dedicado, Esdras encontra um Israel que tinha
adotado muitas das práticas dos habitantes pagãos; ele chama Israel ao
arrependimento e a uma renovada submissão à Lei, ao ponto do divórcio de suas
esposas pagãs.
Duas grandes mensagens emergem
de Esdras: a fidelidade de Deus e a infidelidade do homem.
Deus havia prometido através de
Jeremias (25.12) que o cativeiro babilônico teria duração limitada. No momento
apropriado, cumpriu fielmente a sua promessa e induziu o espírito do rei Ciro
da Pérsia a publicar um edito para o retorno dos exilados (1.1-4). Fielmente,
concedeu liderança (Zorobabel e Esdras), e os exilados são enviados com
despojos, incluindo itens que haviam sido saqueados do templo de Salomão
(1.5-10).
Quando o povo desanimou por
causa da zombaria dos inimigos, Deus fielmente levantou Ageu e Zacarias para
encorajar o povo a completar a obra. O estímulo dos profetas trouxe resultados
(5.1,2).
Finalmente, quando o povo se
desviou das verdades da Sua palavra, Deus fielmente enviou um sacerdote
dedicado que habilidosamente instruiu o povo na verdade, chamando-o à confissão
de pecado e ao arrependimento dos seus caminhos perversos (caps. 9-10).
A fidelidade de Deus é
contrastada com a infidelidade do povo. Apesar do seu retorno e das promessas
divinas, o povo se deixou influenciar pelos seus inimigos e desistiu
temporariamente (4.24). Posteriormente, depois de completada a obra, de forma
que pudesse adorar a Deus em seu próprio templo (6.16-18), o povo se tornou
desobediente aos mandamentos de Deus; desenvolve-se uma geração inteira cujas
“... iniqüidades se multiplicaram sobre as vossas cabeças” (9.6). Contudo, como
foi dito acima, a fidelidade de Deus triunfa em cada situação.
A obra do Espírito Santo em
Esdras pode ser vista claramente na ação providencial de Deus em cumprir as
suas promessas. Isto é indicado pela frase “a mão do Senhor”, que aparece seis
vezes.
Foi pelo Espírito que “...
despertou o Senhor o espírito de Ciro...” (1.1) e “... tinha mudado o coração
do rei da Assíria...” (6.22). Teria sido também pelo Espírito Santo que “E
Ageu, profeta e Zacarias... profetizaram aos Judeus...” (5.1). A obra do
Espírito Santo é vista na vida pessoal de Esdras, tanto no sentido de obrar
nele (“Porque Esdras tinha preparado o seu coração para buscar a Lei do
Senhor...”, 7.10), como no sentido de atuar em seu favor (“... o rei lhe deu
tudo quanto lhe pedira”. 7.6).
A atitude de Esdras descreve
bem a disposição que cada cristão deve mostrar no serviço ao Senhor:
"Porque Esdras tinha disposto o coração para buscar a Lei do Senhor, e
para a cumprir, e para ensinar em Israel os seus estatutos e os seus
juízos" (7.10). Esse servo se ofereceu ao serviço de Deus com coração
disposto. Mas, um coração bom precisa ser aplicado com toda reverência e
respeito para com Deus.
Observe as duas coisas que
Esdras fez:
Buscou a Lei. Antes de mais
nada, o discípulo do Senhor precisa conhecer a palavra do Mestre. Jesus mandou
que conheçamos a verdade, a Palavra de Deus (João 8.32; 17.17). Conhecimento
sem aplicação na própria vida não adianta. "Tornai-vos, pois, praticantes
da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos com falsos discursos"
(Tiago 1.22).
Ensinou a Palavra aos outros. A
palavra que ouvimos deve ser transmitida a outras pessoas (2Timóteo 2.2;
Hebreus 5.12).
O escriba e sacerdote Esdras
nos serve como excelente exemplo. Cada cristão deve imitar a atitude dele. Com
corações dispostos, devemos buscar, cumprir e ensinar a palavra de Deus.
Paz a todos vocês que estão em
Cristo.
Louvai ao Senhor!
Por Cristo. Em
Cristo. Para Cristo.
Que Deus lhe abençoe!
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