“Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os
homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás
justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” (Mateus
12:36-37).
Então, isso não é bom.
Quantas palavras frívolas falei durante a minha vida? Dezenas? Centenas?
Milhares? Talvez eu falo demais.
Uma “palavra
frívola” neste contexto é uma palavra precipitada ou negligentemente falada
sem pensar se é ou não agradável ao Senhor. Pode ter sido falada na hora da
raiva, da emoção ou da provocação, ou sob pressão ou por ignorância. As
Escrituras avisam, “Sabeis
estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir,
tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a
justiça de Deus” (Tiago
1:19-20).
Então,
foram muitas palavras assim que saíram das nossas bocas durante a vida, e Jesus
disse que cada uma será considerada no julgamento e seremos justificados ou
condenados por elas. Mas, o evangelho não é “as boas novas” à toa. É a resposta
para nosso dilema. É o que vai nos tirar desta encrenca na qual nós nos
metemos.
O acúmulo de caráter
O acúmulo de caráter
Por que Deus é tão
meticuloso sobre cada coisinha que possamos ter murmurado? Provavelmente há
muitos motivos, inclusive sua santidade absoluta e justa. Mas também tem o fato
de que a cada dia, com cada decisão e cada ação, estamos modelando um caráter.
Nós temos livre arbítrio e somos responsáveis pelas decisões que tomamos e,
consequentemente, somos responsáveis pelo caráter que desenvolvemos nas nossas
decisões. Quantas palavras frívolas precisamos murmurar antes de virar hábito e
se tornar uma característica do caráter?
É
possível lidar com uma circunstância angustiante com graça e sabedoria, ou
lidar mal com ela usando intemperança ou comportamento extremo. E como lidamos
com crises grandes muitas vezes depende de como lidamos com as pequenas. O
Senhor espera que nós construamos caráteres fortes, e permitir que “palavras
frívolas” ou “pequenas falhas” dominem nossos dias não conquista isso.
Uma
boa ilustração disso é a maneira que Saul e Davi lidaram com crises. Saul
negligentemente desobedeceu os mandamentos do Senhor sobre sacrifícios, e foi
por isso que ele perdeu seu reino. A Bíblia diz: “Então, disse Samuel a Saul:
Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor,
teu Deus, te ordenou; pois teria, agora, o Senhor confirmado
o teu reino sobre Israel para sempre. Já agora não subsistirá o teu reino. O Senhor buscou para si um homem que lhe
agrada e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não
guardaste o que o Senhor te
ordenou” (1 Samuel
13:13-14).
Mas
Saul evidentemente ainda não fez a ligação entre sua falta de cuidado e a perca
do reino. Em vez disso ele culpou Davi, o homem que Deus escolheu para ficar no
lugar de Saul, pelos seus problemas. Durante o resto da vida de Saul, ele
gastaria muita energia tentando matar Davi, e continuaria a exercer a
imprudência em relação a sua vida e suas decisões. No entanto, Davi iria
exercer grande cautela nas suas decisões, sabiamente buscando fazê-las com
respeito a Deus e à sua vontade. Apesar de Saul estar tentando matar Davi,
quando Davi teve a oportunidade de matar Saul ele não o fez porque Deus fez
Saul rei. Deus daria o reino a Davi nos seus termos. Davi esperaria. Como Davi
disse a Saul, “Os teus
próprios olhos viram, hoje, que o Senhor te
pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns disseram que eu te matasse; porém a
minha mão te poupou; porque disse: Não estenderei a mão contra o meu senhor,
pois é o ungido de Deus” (1
Samuel 24:10).
O
contraste entre a imprudência de Saul e o muito respeito de Davi pela vontade
de Deus é bem nítido. Era verdade naquela época, e é verdade hoje, que o
julgamento consistirá de colher o que semeamos: “Não vos enganeis: de Deus não
se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que
semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia
para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gálatas 6:7-8). Não seja
frívolo na maneira que lida com a palavra de Deus!
Tudo não está perdido
Então, o que faremos? Tem
momentos estranhos nas nossas vidas que não contamos a ninguém nos quais
murmuramos uma palavra frívola que não deveríamos ter falado ou fizemos uma
“coisinha” que não estava completamente correta. No julgamento, ouvirei citado
todas essas coisas que fiz, a maioria das quais provavelmente já esqueci há
muito tempo? Serei responsável por cada uma, e condenado por elas?
Sim
Ou
não.
Depende.
“Sim”
se eu tiver que enfrentar as consequências das escolhas e decisões que fiz
conforme desenvolvi um caráter sujeito a imprudência a respeito de Deus e da
sua vontade, não colocando a obediência a ele como uma prioridade na minha
vida. O resultado destas coisas é a morte espiritual eterna: “Naquele tempo, que resultados
colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim
delas é morte” (Romanos
6:21).
Mas
talvez você esteja mais interessado no lado “não” da questão. Podemos evitar o resultado
desastroso e eterno destas coisas. Há uma maneira de evitar dar conta de toda e
qualquer palavra frívola que já murmuramos. “Porque
o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em
Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos
6:23). O sexto capítulo de Romanos é sobre isso. É sobre superar o pecado. É
sobre ser enterrado com Cristo quando somos batizados na sua morte. É sobre
subir do batismo para andar na novidade da vida. É sobre morrer para o pecado e
viver na justiça. É sobre obedecer a Deus de coração.
Nossos
pecados, inclusive “toda
palavra frívola”, são levados por Cristo. São lavados (Atos 22:16) e
perdoados (Atos 2:38). É pela fé obediente em Cristo e no seu sacrifício na
cruz que recebemos esta esperança.“...pois todos pecaram e carecem da
glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a
redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como
propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua
tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista
a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o
justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3:23-26). Ou, como
Davi diria, e como o Novo Testamento cita: “Bem-aventurados
aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos;
bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado” (Romanos 4:7-8).
Por: Jon W. Quinn
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