sábado, 1 de fevereiro de 2014

Palavras frívolas




“Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado” (Mateus 12:36-37).

Então, isso não é bom. Quantas palavras frívolas falei durante a minha vida? Dezenas? Centenas? Milhares? Talvez eu falo demais.
 


Uma “palavra frívola” neste contexto é uma palavra precipitada ou negligentemente falada sem pensar se é ou não agradável ao Senhor. Pode ter sido falada na hora da raiva, da emoção ou da provocação, ou sob pressão ou por ignorância. As Escrituras avisam, “Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não produz a justiça de Deus” (Tiago 1:19-20).

Então, foram muitas palavras assim que saíram das nossas bocas durante a vida, e Jesus disse que cada uma será considerada no julgamento e seremos justificados ou condenados por elas. Mas, o evangelho não é “as boas novas” à toa. É a resposta para nosso dilema. É o que vai nos tirar desta encrenca na qual nós nos metemos.

O acúmulo de caráter

Por que Deus é tão meticuloso sobre cada coisinha que possamos ter murmurado? Provavelmente há muitos motivos, inclusive sua santidade absoluta e justa. Mas também tem o fato de que a cada dia, com cada decisão e cada ação, estamos modelando um caráter. Nós temos livre arbítrio e somos responsáveis pelas decisões que tomamos e, consequentemente, somos responsáveis pelo caráter que desenvolvemos nas nossas decisões. Quantas palavras frívolas precisamos murmurar antes de virar hábito e se tornar uma característica do caráter?

É possível lidar com uma circunstância angustiante com graça e sabedoria, ou lidar mal com ela usando intemperança ou comportamento extremo. E como lidamos com crises grandes muitas vezes depende de como lidamos com as pequenas. O Senhor espera que nós construamos caráteres fortes, e permitir que “palavras frívolas” ou “pequenas falhas” dominem nossos dias não conquista isso.

Uma boa ilustração disso é a maneira que Saul e Davi lidaram com crises. Saul negligentemente desobedeceu os mandamentos do Senhor sobre sacrifícios, e foi por isso que ele perdeu seu reino. A Bíblia diz: “Então, disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor, teu Deus, te ordenou; pois teria, agora, o Senhor confirmado o teu reino sobre Israel para sempre. Já agora não subsistirá o teu reino. O Senhor buscou para si um homem que lhe agrada e já lhe ordenou que seja príncipe sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou” (1 Samuel 13:13-14).

Mas Saul evidentemente ainda não fez a ligação entre sua falta de cuidado e a perca do reino. Em vez disso ele culpou Davi, o homem que Deus escolheu para ficar no lugar de Saul, pelos seus problemas. Durante o resto da vida de Saul, ele gastaria muita energia tentando matar Davi, e continuaria a exercer a imprudência em relação a sua vida e suas decisões. No entanto, Davi iria exercer grande cautela nas suas decisões, sabiamente buscando fazê-las com respeito a Deus e à sua vontade. Apesar de Saul estar tentando matar Davi, quando Davi teve a oportunidade de matar Saul ele não o fez porque Deus fez Saul rei. Deus daria o reino a Davi nos seus termos. Davi esperaria. Como Davi disse a Saul, “Os teus próprios olhos viram, hoje, que o Senhor te pôs em minhas mãos nesta caverna, e alguns disseram que eu te matasse; porém a minha mão te poupou; porque disse: Não estenderei a mão contra o meu senhor, pois é o ungido de Deus” (1 Samuel 24:10).

O contraste entre a imprudência de Saul e o muito respeito de Davi pela vontade de Deus é bem nítido. Era verdade naquela época, e é verdade hoje, que o julgamento consistirá de colher o que semeamos: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne da carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito do Espírito colherá vida eterna” (Gálatas 6:7-8). Não seja frívolo na maneira que lida com a palavra de Deus!

Tudo não está perdido

Então, o que faremos? Tem momentos estranhos nas nossas vidas que não contamos a ninguém nos quais murmuramos uma palavra frívola que não deveríamos ter falado ou fizemos uma “coisinha” que não estava completamente correta. No julgamento, ouvirei citado todas essas coisas que fiz, a maioria das quais provavelmente já esqueci há muito tempo? Serei responsável por cada uma, e condenado por elas?

Sim

Ou não.

Depende.

“Sim” se eu tiver que enfrentar as consequências das escolhas e decisões que fiz conforme desenvolvi um caráter sujeito a imprudência a respeito de Deus e da sua vontade, não colocando a obediência a ele como uma prioridade na minha vida. O resultado destas coisas é a morte espiritual eterna: “Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais; porque o fim delas é morte” (Romanos 6:21).

Mas talvez você esteja mais interessado no lado “não” da questão. Podemos evitar o resultado desastroso e eterno destas coisas. Há uma maneira de evitar dar conta de toda e qualquer palavra frívola que já murmuramos. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Romanos 6:23). O sexto capítulo de Romanos é sobre isso. É sobre superar o pecado. É sobre ser enterrado com Cristo quando somos batizados na sua morte. É sobre subir do batismo para andar na novidade da vida. É sobre morrer para o pecado e viver na justiça. É sobre obedecer a Deus de coração.

Nossos pecados, inclusive “toda palavra frívola”, são levados por Cristo. São lavados (Atos 22:16) e perdoados (Atos 2:38). É pela fé obediente em Cristo e no seu sacrifício na cruz que recebemos esta esperança.“...pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação, mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3:23-26). Ou, como Davi diria, e como o Novo Testamento cita: “Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos; bem-aventurado o homem a quem o Senhor jamais imputará pecado” (Romanos 4:7-8).

Por:  Jon W. Quinn

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