segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

As 99 ovelhas que ficaram





Em Lucas 15, Jesus propõe uma parábola, que ficou conhecida como “A parábola da centésima ovelha”. Diz assim: “Então. lhes propôs Jesus esta parábola: Qual. dentre vós, é o homem que, possuindo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? Achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo. E,indo para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida. Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.“.
 
 
Geralmente, o foco dessa parábola fica sobre a centésima ovelha, aquela que se perdeu e o bom pastor foi buscar. Quando se faz um sermão sobre isso, o pregador normalmente se concentra nessa ovelha, na necessidade de evangelizar, de ganhar almas. Eu quero fazer o contrário: meu foco aqui é falar sobre as 99 ovelhas que ficaram.

No contexto, Jesus deixa claro que essas 99 representam “noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento”, ou seja, os cristãos salvos, aqueles que fazem parte da Igreja. Essas 99 representam aquelas que vivem uma vida eclesiástica certinha, vão aos cultos, estão dentro dos conformes. Mas eu fico pensando nas crises e nos problemas que elas têm. Nas ovelhas dentre essas 99 que sofrem de sarna, têm carrapatos, comeram capim ruim e estão com dor de estômago, sentem sede. Uma coisa que muitos não reparam nessa parábola é o local onde o pastor deixa essas 99 ovelhas: no deserto. Deserto é um lugar onde se morre de calor durante o dia e se congela de frio à noite. Cheio de escorpiões, cobras venenosas, escassez de água, tempestades de areia e outras dores. É um lugar horrível para se estar. Assim é o mundo em que vivemos.

Geralmente, ao ouvirmos essa parábola só lembramos da alegria pelo retorno da ovelha perdida, do jubilo que há no Céu por sua volta. Mas não pensamos no sofrimento das 99 que ficaram. Pois, depois que o pastor chegar com a centésima e se rejubilar com os amigos, vai juntá-lá ao rebanho. E as cem continuarão ali, no deserto, com todos esses problemas.

Sim, temos de evangelizar. Mas não basta ganhar almas e jogá-las para dentro do curral. Se não cuidarmos, escovarmos, alimentarmos, catarmos os carrapatos, ensinarmos sobre o perigo que é uma serpente venenosa e abandonarmos as ovelhas ao frio e ao calor insuportáveis, é capaz que elas fiquem tão infelizes que resolvam buscar uma vida melhor e paz em outros lugares. E quando você se dá conta, uma ficou e 99 foram embora, fugiram, saíram em busca de pastos diferentes.

Desde a minha conversão, muito ouço sobre “ganhar almas”. Já ouvi um pastor dizer “a missão da Igreja é ganhar almas”. Não é. A missão da Igreja, acima de tudo, é glorificar Deus. Logo em seguida, é fazer discípulos. Mateus 28 diz “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. E eu estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos”. Ou seja, não basta sair e evangelizar: é preciso discipular. Cuidar. Zelar. Educar. Fortalecer. Ensinar. Solidificar a fé demonstrada no dia da conversão.

Sempre que você for ler a Bíblia, leia o que ela diz. Mas ouça o que ela não diz. A centésima ovelha é a protagonista da parábola. Só nunca se esqueça dos coadjuvantes, para que eles não venham a se tornar protagonistas. (*)

 

Louvai ao Senhor!

 

 

Por Cristo. Em Cristo. Para Cristo.

 

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