Claro que
não! Simples e objetivamente: um cristão não deve ouvir música do mundo.
“Nossa, agora você foi radical, pegou pesado!”, você poderia dizer. Calma.
Antes que você, que discorda do que escrevi, me crucifique, é importante que
você entenda exatamente o que estou querendo dizer. É que há um ponto
nevrálgico nessa discussão: temos de entender precisamente o que é “música do
mundo” – que não necessariamente é o que se costuma chamar por aí de “música do
mundo”. Pois música “secular” é uma coisa, música “do mundo” pode ser outra
completamente diferente. E aí nós temos uma questão interessante a debater.
Que, para solucionar, temos que pensar sempre dentro da Bíblia.
(Só um
alerta, em amor: essa questão não se define em 3 ou 4 parágrafos. Por isso,
este será um post longo e, se você estiver sem tempo de ler ou não tiver
paciência de ler textos compridos, sugiro que nem vá adiante. Mas, se quiser
prosseguir, vamos juntos, passo a passo.)
1. O que a Bíblia chama de “mundo”?
Primeiro
temos que compreender o que a Bíblia chama de “mundo”. No contexto das
Escrituras, “mundo” (do grego kosmos) é todo um sistema de valores e
práticas que se opõem ao Evangelho, ou seja, àquilo que Jesus ensinou. Ao Reino
de Deus. Às boas-novas de salvação. Logo, tudo o que contraria os genuínos
ensinamentos cristãos, a ética cristã, a moral cristã, os conceitos bíblicos é…
do mundo. E, nesse sentido, não é “mundo” com significado de “universo”
ou “planeta terra”, mas no sentido de tudo aquilo que, em resumo, levaria Jesus
a fazer careta.
2. Os
cristãos não devem se misturar com o que é do mundo
Tendo
entendido o que é “mundo” segundo a Bíblia, vamos ao segundo passo: provar
biblicamente que Jesus e o que é do mundo não se misturam. E, logo, que o cristão
e o que é do mundo não se misturam. Para isso, vamos à Palavra de Deus:
1 João 2:15
– “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o
amor do Pai não está nele”.
João 1:10 –
“O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo
não o conheceu”.
1 Jo 4.4,5 –
“Filhinhos, vós sois de Deus e tendes vencido os falsos profetas, porque maior
é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo. Eles procedem do
mundo; por essa razão, falam da parte do mundo, e o mundo os ouve”.
João 3:17 –
“Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas
para que o mundo fosse salvo por ele”.
João 15:19 –
“Se vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; como, todavia, não sois
do mundo, pelo contrário, dele vos escolhi, por isso, o mundo vos odeia”.
Há muitas
outras passagens, como a famosa Jo 3.16, mas, para não tornar este texto
demasiadamente enfadonho, acredito que essas já são suficientes para demonstrar
essa realidade: se você é cristão, se você é sal da terra e luz do… mundo…
não deve se misturar ao que vai contra Cristo e aos ensinamentos de Cristo.
E tudo o que
vai contra Cristo… É mundo.
Até aqui
tudo bem? Ficou claro que, segundo a Bíblia, o cristão não deve se misturar com
valores anticristãos, ou seja, mundanos? Ok então, vamos adiante.
3. O que é música “do mundo”?
Seguimos
para o terceiro e fundamental passo: definir o que exatamente é “música do
mundo” – aquela que, pelo que já vimos pelos dois passos anteriores, tem de ser
evitada pelo cristão. “Música do mundo” seria, então, aquela que contraria o
Evangelho, que se opõe aos ensinos de Jesus, que leva aos ouvidos (e, em
seguida, ao cérebro e, como conseqüência, ao coração e à alma) mensagens que
batem de frente com a ética de Cristo, com as boas-novas do Reino de Deus.
Então, o conceito de “música do mundo” está ligado diretamente a aquilo que
determinada canção diz: seus valores, sua filosofia, seus ensinamentos.
Portanto,
biblicamente, uma música ser ou não do mundo não tem nada a ver com estilo
musical, instrumentos utilizados, melodia, harmonia ou ritmo. Tem a ver com MENSAGEM.
Com o que ela diz. Com o que ela defende. Com o que ela ensina.
Tendo
compreendido isso, vamos falar a respeito de alguns mitos e algumas verdades
sobre música “do mundo” e música “cristã”:
Fato 1) A Bíblia
não determina cantarmos ou ouvirmos apenas músicas religiosas
Embora todos
amemos e devamos louvar, elogiar o Senhor em canções e reconhecer quem Ele é e
faz, a Bíblia não afirma diretamente em nenhuma passagem que o cristão só pode
ouvir músicas que falem de Deus ou que sejam louvores. Pelo contrário, uma
leitura atenta dos livros de Salmos, Cântico dos Cânticos e até mesmo Jó, por
exemplo, demonstram que a exaltação da criação de Deus, do amor, de sentimentos
belos são algo lícito ao povo de Deus. O Salmo 150 infere que louvar deve ser
uma explosão de amor pelo Criador. Mas não há proibição bíblica de cantar o
amor de um homem pela mulher que ama, por exemplo. Assim, não é antibíblico
(logo, não é pecado) eu escrever uma poesia de amor para minha amada ou mesmo
uma que exalte as belezas da cidade onde vivo e em seguida musicar esses versos.
Poderia, por exemplo, cantar…
.
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente, eu sei que vou te amar
ou
Cidade maravilhosa,
Cheia de encantos mil!
Cidade maravilhosa,
Coração do meu Brasil!
Jardim florido de amor e saudade,
Terra que a todos seduz,
Que Deus te cubra de felicidade,
Ninho de sonho e de luz.
Cheia de encantos mil!
Cidade maravilhosa,
Coração do meu Brasil!
Jardim florido de amor e saudade,
Terra que a todos seduz,
Que Deus te cubra de felicidade,
Ninho de sonho e de luz.
…e não
estaria cometendo absolutamente nenhum pecado. Simplesmente porque nada do que
a letra dessas músicas diz contraria o Evangelho, se opõe aos ensinos de Jesus,
leva ao coração mensagens que batem de frente com a ética de Cristo, com as
boas-novas do Reino de Deus. Então a conclusão lógica e bíblica é que músicas
de amor, canções que exaltam belezas naturais ou até mesmo que, sei lá, contem
uma história sobre dois capiaus em visita a uma fazenda – e muitos outros tipos
de músicas seculares que não necessariamente são cantadas em igrejas, gravadas
por cantores supostamente cristãos ou que sejam tocadas em rádios ditas
“evangélicas” – são “música do mundo”. Simplesmente porque não se encaixam na
definição bíblica de “mundo”. Não contrariam a Bíblia. Não se opõem a Cristo.
Não ensinam nada diferente do que está nas Sagradas Escrituras.
São músicas
seculares? Sim. São músicas que não necessariamente falam de Deus ou de seus
feitos? São. Mas são músicas que contrariam Cristo ou o Evangelho? Não. Então,
evidentemente não são louvores ou músicas sacras, mas também não são músicas
“do mundo”, ou seja, músicas pecaminosas.
Fato 2) Muitas
músicas seculares são sim “do mundo” e devemos evitá-las
Aí você pode
estar pensando “Uhu! Então liberou geral! Posso ouvir o que quiser!”.
Nananinanão. Não é bem assim. Biblicamente você pode ouvir uma música que não
necessariamente fale de Deus, mas você SEMPRE tem que prestar atenção na letra
das músicas, na MENSAGEM que elas transmitem. Se essas músicas apregoam valores
antibíblicos, porque aí sim elas são músicas do mundo. E aqui vou dar
exemplos práticos. Em pleno Rock in Rio, li no twitter uma cristã dizendo que
estava triste porque não poderia assistir ao show dos Titãs. Por isso, decidi
tomar esse grupo como exemplo. Bem, os Titãs têm músicas cujas mensagens são
claramente antibíblicas. E, por definição, são “música do mundo”. Por exemplo,
comecemos com a música mais óbvia, chamada Igreja. Leia com atenção a
letra, com especial atenção ao que está em negrito:
Eu não gosto de padre
Eu não gosto de madre
Eu não gosto de frei.
Eu não gosto de bispo
Eu não gosto de Cristo
Eu não digo amém.
Eu não monto presépio
Eu não gosto do vigário
Nem da missa das seis.
Não! Não!
Eu não gosto do terço
Eu não gosto do berço
De Jesus de Belém.
Eu não gosto do papa
Eu não creio na graça
Do milagre de Deus.
Eu não gosto da igreja
Eu não entro na igreja
Não tenho religião.
Não!
Não! Não gosto! Eu não gosto!
Não! Não gosto! Eu não gosto!
Eu não gosto de madre
Eu não gosto de frei.
Eu não gosto de bispo
Eu não gosto de Cristo
Eu não digo amém.
Eu não monto presépio
Eu não gosto do vigário
Nem da missa das seis.
Não! Não!
Eu não gosto do terço
Eu não gosto do berço
De Jesus de Belém.
Eu não gosto do papa
Eu não creio na graça
Do milagre de Deus.
Eu não gosto da igreja
Eu não entro na igreja
Não tenho religião.
Não!
Não! Não gosto! Eu não gosto!
Não! Não gosto! Eu não gosto!
Agora… você,
que é cristão, me responda sinceramente: você cantaria essa música achando que
“não tem nada a ver”? Se alegrando, sorrindo e pulando? Isso é algo que uma
pessoa lavada e redimida pelo sangue daquele que foi à Cruz pelos pecadores sai
cantando feliz da vida? Haveria anjos ao redor se alegrando? Você responda.
Vamos a outra: Homem Primata. Selecionei um
trecho:
Eu aprendi
A vida é um jogo
Cada um por si
E Deus contra todos
Você vai morrer
E não vai pro céu
É bom aprender
A vida é cruel…
A vida é um jogo
Cada um por si
E Deus contra todos
Você vai morrer
E não vai pro céu
É bom aprender
A vida é cruel…
E aí,
crente? Cantamos e nos alegramos cantando isso? “Deus contra todos”? Por favor,
apenas pare um minuto para pensar no que você está cantando: “Deus contra
todos“! Como assim?!
Para
completar o pacote, só mais uma, da qual extraio um trecho: Epitáfio
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar…
Enquanto eu andar distraído
O acaso vai me proteger
Enquanto eu andar…
O acaso? Mas
se a Bíblia diz que há um Deus que controla todas as coisas, como seria
possível que “o acaso” protegesse alguém? Biblicamente, “acaso” é um conceito
que não existe. Logo, Epitáfio traz uma mensagem antibíblica. E, logo,
lamento informar, é música do mundo.
Usei os
exemplos do Titãs porque é um grupo bem conhecido e você possivelmente já
cantou essas canções (e outras que são tão chulas que nem me atrevo a escrever
a letra aqui), como eu mesmo já cantei milhares de vezes antes de Jesus me
converter, fui a shows, comprei os CDs. Só que aí somos salvos, o Espírito
Santo passa a habitar em nós e começa a nos convencer do pecado, da justiça e
do juízo. E você, que é salvo, sabe como essas coisas nos incomodam, não é? Aí
você começa a ouvir as MENSAGENS que grupos como os Titãs passam em músicas
como essas (e olha que só citei três, hein) e algo faz um clique no teu
espírito sobre esse papo “careta”, “radical”, “ortodoxo” e “fundamentalista” de
“não ouvir música do mundo”.
Mas, para
não ficarmos falando somente de uma banda, deixe-me pegar apenas um outro
exemplo de um universo de grupos e cantores que poderiam pegar: o conhecido
Barão Vermelho. Seleciono uma música que tem um título bem sugestivo e que era
a minha preferida deles antes de Jesus me justificar, chamada Nunca existiu
pecado. Reproduzo as 3 primeiras estrofes:
A rapidez velha do tempo
Revive inquisições fatais
Um novo ciclo de revoltas
E preconceitos sexuais
Revive inquisições fatais
Um novo ciclo de revoltas
E preconceitos sexuais
Por mais liberdade que eu anseie
Esbarro em repressões fascistas
Mas tô a margem disso tudo
Desse mundo escuro e sujo
Esbarro em repressões fascistas
Mas tô a margem disso tudo
Desse mundo escuro e sujo
Não tenho medo de amar
Pra mim nunca existiu pecado
Essa vida é uma só
Nesse buraco negro eu não caio.
Pra mim nunca existiu pecado
Essa vida é uma só
Nesse buraco negro eu não caio.
Ou seja, Barão Vermelho está defendendo por meio da mensagem dessa letra
que:
1. Não existe pecado;
2. O Cristianismo é sexualmente preconceituoso;
3. A ética de Cristo é uma “repressão fascista” porque contraria aquilo
que o pecador deseja fazer;
4. Quem afirma que existe pecado (obviamente nós, cristãos) representa
um “mundo escuro e sujo”;
5. A defesa da idéia de que existe pecado é um “buraco negro”.
.
Agora me diga você: em sua opinião, a letra dessa
música contraria o Evangelho, se opõe aos ensinos de Jesus, leva ao coração
mensagens que batem de frente com a ética de Cristo, com as boas-novas do Reino
de Deus… ou não? Se a sua resposta foi “sim”, então essa é uma música “do
mundo”. Portanto, chegamos aqui à grande conclusão: segundo os padrões
bíblicos, “música do mundo” NÃO é sinônimo de “música secular”. Logo, as
músicas do mundo sim, devemos evitar. As seculares, não necessariamente.
.
Fato 3) Não existe um estilo musical chamado “música evangélica”
O que existe é música feita a partir de realidades bíblicas. E que podem ser feitas em diferentes estilos. “Vem com Josué lutar em Jericó…”, por exemplo, é rock. “Aquele que tem sede busca beber da água que Cristo dá…” por sua vez, é axé. Cassiane em geral tem muito forró. E por aí vai. Logo, não existe nenhum estilo “maldito” ou, como diz um amigo meu “não existe dó maior ungido e sol sustenido endemoninhado”. Se você for analisar com cuidado, verá que “música evangélica” no imaginário popular é:
O que existe é música feita a partir de realidades bíblicas. E que podem ser feitas em diferentes estilos. “Vem com Josué lutar em Jericó…”, por exemplo, é rock. “Aquele que tem sede busca beber da água que Cristo dá…” por sua vez, é axé. Cassiane em geral tem muito forró. E por aí vai. Logo, não existe nenhum estilo “maldito” ou, como diz um amigo meu “não existe dó maior ungido e sol sustenido endemoninhado”. Se você for analisar com cuidado, verá que “música evangélica” no imaginário popular é:
● Música cantada em igreja;
● Música cantada por cantor que freqüenta igreja (dito “cantor evangélico”);
● Música gravada por grupo de louvor de igreja;
● Música que toca em rádio “evangélica”;
● Música lançada por gravadora “evangélica”;
● Música que consta em algum hinário tradicional.
● Música cantada por cantor que freqüenta igreja (dito “cantor evangélico”);
● Música gravada por grupo de louvor de igreja;
● Música que toca em rádio “evangélica”;
● Música lançada por gravadora “evangélica”;
● Música que consta em algum hinário tradicional.
Só que,
desses itens, alguns são muito duvidosos. Das músicas cantadas em igrejas,
muitas carregam em si heresias e são músicas “do mundo” (calma, falaremos em
detalhes sobre isso daqui a pouco). Eu conheço pessoalmente “cantores
evangélicos” que vivem como pagãos, são pecadores, só estão atrás dos bens
materiais que sua notoriedade pode lhes proporcionar. Conheço “grupos de
louvor” que tocam pela fama e o dinheiro e não por um desejo real de louvar o
Senhor. Sei que muitas “rádios evangélicas” só existem para gerar lucro e poder
para seus donos, que por sua vez vivem vidas pecaminosas e totalmente fora do
Evangelho. Conheço os bastidores de certas “gravadoras evangélicas” onde o
ambiente é tão mundano que nenhum funcionário confia em sair pra almoçar e
deixar a bolsa em cima da mesa, pois ocorrem furtos ali dentro. E entenda: eu
conheço. Não ouvi falar. Sei o que estou dizendo.
Portanto,
dizer que só podemos ouvir “música evangélica” (se por “música evangélica”
entendermos o que mencionamos acima) é uma afirmação cheia de buracos.
.
Fato 4) Fazer versões de músicas seculares com letras cristãs não é pecado
Pelo contrário,
é uma prática muito, mas muito mais usual em nossos hinários do que você
imagina. Uma enorme quantidade das músicas contidas em hinários como a Harpa
Cristã e o Cantor Cristão, por exemplo, originalmente eram canções entoadas em
prostíbulos (não vou dizer quais para que da próxima vez que você for cantá-las
não as considere indignas). Os músicos que tocavam nessas casas de pecado se
convertiam, pegavam as melodias que conheciam (muitas das tinham letras
originais que falavam sobre encher a cara de uísque e vinho, além de coisas
similares), punham letras cristãs e passavam a cantá-las durante os cultos, nas
igrejas. Isso é histórico, basta você estudar um pouco sobre isso que vai
comprovar, não estou inventando nada disso.
E não só
músicas de bordel. Músicas seculares de outras linhas também. O hino 185 da
Harpa Cristã, por exemplo, é o Hino Nacional da Inglaterra com uma letra
cristã: “Vem tu, ó Rei dos reis, buscar os teus fiéis…“. Já o conhecido
hino “Os guerreiros se preparam para a batalha…” é o Hino Nacional das
Ilhas Fiji, você sabia? O tradicionalíssimo hino “Vencendo vem Jesus” (Glória,
glória. Aleluuuuuia!) é uma versão de uma música militar da época da guerra
civil americana chamada “John Brown”s Body”, que exaltava os esforços de um
homem na guerra. Um mulher cristã ouviu a melodia, gostou e pôs um letra
cristã. E, a partir daí, começamos a cantar em nossas igrejas, Deus sempre foi
louvado maravilhosamente por intermédio dessa canção, a entoamos ainda hoje e o
religare do homem com o Criador ocorre perfeitamente – apesar da origem
pagã da música. Ou você achava que essa música desceu do céu trazida por um
anjo numa bandeja de prata? Não, muitas músicas que consideramos “hinos
sagrados” (e são!!!) têm origem secular e são adaptações feitas para o canto
religioso.
Mais
recentemente há exemplos como o do cantor Marco Aurélio, que gravou “Caminhada”
(“Eu vi Jesus, Jesus me viu, no mesmo instante me redimiu…“). Ela nada
mais é do que a canção “My Way”, cantada por músicos como Frank Sinatra e Elvis
Presley. E por aí vai. A pergunta é: essas versões deixam de ser válidas ou
dignas de serem cantadas em cultos e igrejas como hinos congregacionais porque
originalmente eram seculares? De jeito nenhum. Pois tornaram-se músicas com
MENSAGENS cristãs.
Fato 5) Muita música dita “evangélica” é “do mundo”
E aqui chegamos ao ponto mais polêmico de todos. Só porque uma música foi composta ou é cantada por alguém que se apresenta como cristão isso não quer dizer que ela transmita valores biblicamente corretos. Há muitas e muitas músicas “evangélicas” que são “do mundo”. Exemplo: tem um conhecido grupo gospel (que inclusive saiu brigado de sua igreja) cujo vocalista (que agora já saiu da banda para seguir carreira solo) na “ministração” antes de começar uma de suas mais cantadas músicas em igrejas fala como se estivesse orando a seguinte frase (está registrada inclusive no CD):
E aqui chegamos ao ponto mais polêmico de todos. Só porque uma música foi composta ou é cantada por alguém que se apresenta como cristão isso não quer dizer que ela transmita valores biblicamente corretos. Há muitas e muitas músicas “evangélicas” que são “do mundo”. Exemplo: tem um conhecido grupo gospel (que inclusive saiu brigado de sua igreja) cujo vocalista (que agora já saiu da banda para seguir carreira solo) na “ministração” antes de começar uma de suas mais cantadas músicas em igrejas fala como se estivesse orando a seguinte frase (está registrada inclusive no CD):
- Nós queremos um romance contigo, Senhor.
Peraí.
“Romance” com Deus? O Todo-Poderoso Criador dos Céus e da Terra agora virou o
quê? Nosso namoradinho? Desculpem-me, mas isso é antibíblico e, logo, mundano.
Outro
exemplo: um conhecido corinho cantado em muitos louvores, às lágrimas, por
muitos de nós, diz a seguinte coisa:
Diante dEle se dobram os reis
E se prostram para O adorar
Nem os anjos que O cercam louvando
Se permitem sua face olhar
E se prostram para O adorar
Nem os anjos que O cercam louvando
Se permitem sua face olhar
Só tem um
detalhe: essa letra é antibíblica. Mateus 18.10 diz: “Cuidado para não
desprezarem um só destes pequeninos! Pois eu lhes digo que os anjos deles nos
céus estão sempre vendo a face de meu Pai celeste”. Então temos que decidir se
os anjos contemplam a face de Deus ou não. Eu fico com a Bíblia, que diz que
sim, os anjos contemplam a face de Deus, ao contrário do corinho. E se o
corinho diz algo que vai contra o que está na Bíblia, desculpem, é “música do
mundo”. “Ah, Zágari, você está sendo radical, o resto da música é perfeito ,
afinal, é um louvor tão bonito…”, alguém poderia dizer. Bem, aí entram 1 Co 5.6
e Gl 5.9, que dizem que, biblicamente, um pouco de fermento leveda toda a
massa. Nesse sentido sou radical sim: basta uma única e pequena heresia na
letra de um “corinho”, de um “hino” ou de um “louvor” (como você preferir
chamar) para o descartarmos dos nossos cultos.
Isso sem
falar dos chamados “corinhos do fogo”, muito habituais nas igrejas pentecostais
não-reformadas. Tem um que diz “O fogo santo está queimando, o Espírito Santo
está batizando“, referindo-se ao que os pentecostais chamam de “batismo no
Espírito Santo” e os tradicionais de “plenitude do Espírito”, seguindo a linha
defendida por teólogos como John Stott. Fato é que, biblicamente, o responsável
por esse fenômeno é Jesus, o Deus Filho, e não o Espírito Santo. Outro ensino
antibíblico e, portanto, “do mundo”.
Fato é que
toda letra de cânticos (congregacionais ou não) “evangélicos” deve ser
submetida ao crivo bíblico. O certo não é o que a pessoa sente, se ela fica
emocionada, arrepiada ou se chora: o certo é o que está de acordo com a Bíblia.
Como afirmou o Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho em palestra durante um Encontro
de Músicos, na PIB de Manaus, “Raramente se fala de Jesus, e, quando se fala,
dá para notar que Jesus é muito mais um conceito para dentro do qual as pessoas
projetam seus sonhos de consumo ou de classe média do que o Redentor e
Salvador. A linguagem é horrorosa: mergulhar nos teus rios, beber nos teus
rios, voar nas asas do Espírito, estar apaixonado por Jesus, subir acima dos
querubins… uma série de expressões que não fazem sentido algum”, afirmou Pr.
Isaltino. E, convenhamos, com toda razão.
Cantamos na
igreja sem saber o que estamos cantando, por ignorância teológica e porque
determinada música toca na rádio, é de um grupo famoso, está na moda e o povo
gosta. Por exemplo, no “corinho” abaixo…
Quero subir ao Monte santo de Sião
E entoar o novo cântico ao meu Deus
Mais que palavras minha vida eu quero entregar
Purifica o meu coração para entrar em Tua presença
contemplar a Tua grandeza
E entoar o novo cântico ao meu Deus
Mais que palavras minha vida eu quero entregar
Purifica o meu coração para entrar em Tua presença
contemplar a Tua grandeza
…o que as pessoas não sabem por desconhecimento
bíblico é que o “monte santo de Sião”, segundo Hebreus 12.22-24, é um símbolo
do Evangelho, da Igreja de Deus. Conseqüentemente, todo cristão já está no
“monte santo de Sião”. E, por isso, não há teologicamente, segundo o Novo
Testamento, por que “subir” nele. Mais um equívoco bíblico. Também cantamos em
nossas igrejas:
Eu só quero Te amar,
Eu só quero ver Tua face
Quero Tocar Seu coração
Eu só quero Te amar,
Eu só quero ver Tua face
Eu só quero ver Tua face
Quero Tocar Seu coração
Eu só quero Te amar,
Eu só quero ver Tua face
O mesmo cantor tem outro corinho que diz:
Quero te ver, quero te ver
Eu quero te tocar,
eu quero te abraçar
Quero te ver
Eu quero te tocar,
eu quero te abraçar
Quero te ver
Detalhe: é
importante repararmos que o cantor está dizendo que quer ver Deus e sua face EM
VIDA e não no porvir. Só que se nós formos ler Êxodo 33.20, é claríssimo e
inequívoco o que Deus diz a Moisés: “Não me poderás ver a face, porquanto homem
nenhum verá a minha face, e viverá”. Então o que estamos pedindo nesses
corinhos é para ver a face de Deus e morrer? Algo está biblicamente errado e,
se formos analisar, estamos fazendo pedidos mundanos a Deus. Como eu “quero te
ver” se Ele diz na Bíblia que “homem nenhum verá a minha face , e viverá”?
Instinto suicida?
Em João
12.45 e João 14.9 Jesus afirma claramente a forma de ver o Pai: ver a Ele
próprio, Jesus. “Quem me vê a mim vê o Pai”. Logo, é buscando Cristo e sua
pessoa em espírito que temos acesso a Deus, não tem nada a ver com “eu só quero
ver a tua face”. No discurso de Pedro no dia de Pentecostes em At 2.28, ele
deixa claro que contemplar Deus face a face só ocorrerá na eternidade: “Com a
tua face me encherás de júbilo”. A face de Deus é biblicamente inalcançável
nesta vida. Logo, por que ficamos cantando pedindo para”ver sua face”, já que
isso biblicamente não é possível – logo, é antibíblico? Pronto, não me odeie
por dizer isso, mas a falta de canonicidade nessas afirmações de corinho tornam
músicas como essas…músicas “do mundo”.
Conclusão
Falar sobe
música “evangélica”, “do mundo”, “sacra”, “cristã” ou “secular” é um assunto
muito sensível. Pois mexe com muitas idéias pré-concebidas, com muitas práticas
que multidões adotaram por décadas em sua vida de devoção, é contrariar crenças
e práticas. Para um pastor, chegar à conclusão de que um corinho que ele cantou
por anos em sua igreja é música “do mundo” e, assim, removê-lo do rol de
canções que são executadas no culto não é uma tarefa fácil. Exige oração,
humildade e temor sincero a Deus. Para uma ovelha que anatemizou durante anos
músicas seculares achando que “rock é coisa do diabo” e de repente descobrir
que bandas de “rock gospel” como Oficina G3 têm letras e mensagens muito mais
bíblicas do que certos hinos de 200 anos de idade exige quebrantamento.
Não estou
falando aqui de estilo musical. Pois a Bíblia não fala de estilo. Logo, estilo
é um assunto restrito aos gostos pessoais e não tem a ver com doutrinas e
teologia. Se uma música deve ter bateria ou não, se ela pode ser acelerada ou
não, se é rock, forró, bolero, valsa ou o que for, não importa. Simplesmente
porque biblicamente não importa. O tal gênero “música evangélica” não existe.
Cada “música evangélica” carrega um estilo próprio, seja esses que já mencionei,
seja algum diferente, como black music, hip hop, blues, bossa nova, sertanejo,
jazz, new wave, pop, reggae, samba, ska ou qual for. Dizer que “música tal não
é do mundo porque é estilo evangélico e não rock” é uma inverdade. Pois há
músicas evangélicas que são rock. E – repetindo – estilo musical só depende de
uma única coisa: gosto pessoal. Não tem nada a ver com Bíblia. Se estou errado,
por favor, que alguém me prove nas Sagradas Escrituras.
Sendo assim,
nós temos de nos voltar para o que interessa: a MENSAGEM. A pergunta que devo
sempre me fazer é “o que essa música está dizendo contraria algo da Bíblia?“.
Se a resposta for “não”, defendo que é uma música que pode ser ouvida por um
cristão. Pois vai trazer alegria, paz, prazer. Sendo ela secular ou religiosa.
Ouvir Mozart, Bach, Haendel, Mendelssohn ou uma boa ária de ópera, por exemplo,
pode acalmar a alma de alguém em estresse e assim criar uma condição em seu
coração que lhe permitirá orar a Deus com muito mais entrega. Eu já entrei
muitas vezes na presença de Deus ouvindo o violinista judeu Itzhak Perlman
executar ao violino o tema do filme “A Lista de Schindler”, por exemplo. Chorei.
Me derramei. E fui muito mais sincero e entregue a Deus do que se tivesse posto
para ouvir um desses CDs de pop brega evangélico.
A ao
fazermos a pergunta “o que essa música está dizendo contraria algo da
Bíblia?” temos de estar preparados para sofrer. Pois vamos perceber que
muito do que cantamos em nossas igrejas é música “do mundo” pela simples razão
de que afirma coisas que a Bíblia não diz.
Sei que o
que aqui escrevi contraria a crença de muitos. Certa vez, ao ministrar numa
Escola Dominical uma aluna ficou tão ofendida pela verdade que falei de que
hinos da Harpa Cristã vinham de bordéis que se levantou e se retirou da sala.
Sei que isso mexe com convicções e emoções. Mas não posso jamais fugir do que
as Sagradas Escrituras dizem. Não podemos fugir da verdade. São as Escrituras
que devem sempre nos nortear – e não aquilo que ficou estabelecido pela cultura
popular (em especial a cultura popular evangélica) ao longo das décadas. E falo
como evangélico, não sou desses pastores e teólogos revoltados que inventaram
agora que ser “evangélico” é palavrão. Nada disso. Falo como filho da Reforma
Protestante, herdeiro de Jesus e também de reformadores como Lutero e Calvino.
Não renego minhas origens. Sou cristão, de tradição evangélica e me orgulho
disso.
Para terminar,
volto ao início de nosso texto, para a pergunta-título deste artigo. Se você me
perguntar “um cristão deve ouvir música do mundo?”, eu vou voltar a afirmar:
“Claro que não!”. Pois o cristão deve sempre caminhar de acordo com as Sagradas
Escrituras. E se uma música, secular ou religiosa, traz em si ensinamentos
antibíblicos… meu irmão, minha irmã, jogue o CD fora.
Paz a todos vocês que estão em Cristo.
Resolvi hoje
colocar este Post que foi Publicado: 26/09/2011 – por: Maurício
Zágari no blog http://apenas1.wordpress.com/
Por Cristo. Em Cristo. Para Cristo.
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