Desculpe a
franqueza, mas você vai morrer. Pode ser daqui a 40 anos, 30, 20, 10, 9, 8, 7,
6, 5, 4, 3, 2, 1... Pode ser hoje! É meu amigo, minha amiga, estamos em
contagem regressiva. Eu, você, todo mundo. Essa percepção por si só já poderia
despertar bilhões de terabytes de reflexões, como ocorre há milênios com a
humanidade.
Sim, é
verdade, a finitude da vida faz a gente pensar. Não foram poucos os filósofos,
xamãs, sacerdotes, cientistas e outros tantos que tentaram compreender esse
fenômeno. Mas, no tocante a esse assunto, compreender não faz a mínima
diferença: o que importa é que você um dia vai viver a sua morte.
A pergunta
que devemos nos fazer a partir daí é: e o que eu posso fazer com relação a
isso?
Honestamente?
Nada. Tudo o que você pode fazer é morrer. Esperar pacientemente o dia em que
vai vencer o prazo de validade do teu corpo e ele vai desabar no chão. Não se
preocupe, você não sentirá a dor desse tombo. Pois estará morto.
Você pode
tomar suplementos, antioxidantes, homeopatia (pra quem acredita), malhar,
caminhar, fazer yoga, dormir em câmaras hiperbáricas… essas coisinhas podem até
retardar um pouco o processo, mas o dia vai chegar, meu caro. Tome você às
precauções que tomar, ingira os remédios que ingerir, enriqueça as academias de
ginástica que enriquecer. Conscientize-se: a morte vem aí.
Mas,
sinceramente? Não estou nem um pouco preocupado com esse fato. E por uma
simples razão: Jesus também não estava.
Como assim?
Ora, pense bem, quantas vezes na Bíblia você vê Jesus preocupado com o fato de
que ele iria morrer? A resposta é que você não vê. Simplesmente porque o
Messias não dava a mínima para a morte. As atenções de Cristo estavam todas
voltadas para o que faríamos ANTES de a morte chegar – pois o que faríamos
antes Ele sabia que ecoaria por toda a eternidade. Ele enxergava a morte como
inevitável, necessária e uma simples porta para o porvir.
Alguns podem
dizer: “Ah, mas Jesus chorou na sepultura de Lazaro”. Só que o choro dele se
deu por compaixão pelo sofrimento dos que ali estavam ao redor, não pela morte
em si do amigo – até porque, vamos lembrar, Ele sabia que em poucos minutos
Lázaro estaria vivo de novo. “Ah, mas Ele suou gotas de sangue enquanto
esperava o início de sua Paixão”. Sim, mas não pelo fato de que iria morrer, e
sim porque, como homem, antevia o sofrimento. E eu não gosto de sofrer, você
também não…. por que você acha que Jesus gostaria? Masoquista certamente Ele
não era. Tudo nos leva a crer que Jesus detestava sofrer, tanto que pediu ao
Pai que, se possível, afastasse dele aquele cálice. Como carpinteiro ele deve
ter dado algumas marteladas no dedão ao longo da vida e não o imagino cantando
salmos espirituais nessas horas. Jesus sofreu por saber que sofreria, embora
soubesse que era necessário. Mas não porque morreria.
Jesus não se
preocupou com a morte. Em Marcos 10.32-34, por exemplo, presenciamos um diálogo
dele com seus discípulos em que vemos que “novamente ele chamou à parte os Doze
e lhes disse o que haveria de lhe acontecer: ‘Estamos subindo para Jerusalém e
o Filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei.
Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios que zombarão dele,
cuspirão nele, o açoitarão e o matarão”. Repare uma coisa que em geral passa
despercebida numa leitura mais superficial e irrefletia dessa passagem: a
placidez com que Cristo descreve a terrível maneira como enfrentaria o fim de
sua vida. Se fosse eu, estaria desesperado, correndo de um lado para o outro,
ligando para amigos influentes, tomando calmantes, tentando fugir do país, me
escondendo… mas Jesus não. E por uma única razão, explicitada na frase que o
Cordeiro de Deus diz logo em seguida, no mesmo versículo: “Três dias depois ele
ressuscitará”. Perceba: Jesus sabia que sua morte era um evento momentâneo e
passageiro.
João 12.23 também
nos mostra Jesus com uma clareza e uma tranqüilidade ímpares com relação à
certeza de sua morte. Ouça suas palavras: “Chegou a hora de ser glorificado o
Filho do homem. Digo-lhes verdadeiramente que, se o grão de trigo não cair na
terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto. Aquele
que ama a sua vida, a perderá; ao passo que aquele que odeia a sua vida neste
mundo, a conservará para a vida eterna”. Que palavras simplesmente lindas! Que
evento glorioso! Ouvir Jesus pronunciar isso dá vontade de acelerar a contagem
regressiva e correr para os braços da morte. É claro que nosso instinto de
sobrevivência não nos permite fazer isso. Mas, racionalmente, apenas lendo
essas palavras… bem-vinda, morte!
E para quem
tem certeza de sua salvação, põe “bem-vinda” nisso”! Até porque a Bíblia deixa
claro que depois da cortina que separa esta vida do porvir há algo espantoso.
Paulo fala sobre isso em 1 Co 2.9: “Mas, como está escrito: As coisas que olhos
não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que
Deus preparou para os que o amam”. E que coisas seriam essas? Acredite: coisas
que nos deixarão felizes. Felizes! Espere, não passe direto pelo que estou
dizendo, pare um pouco.
Reflita.
Pense sobre
isso.
Pense sobre
isso e sobre a beleza disso: vivemos nossas vidas a cada dia com um único
objetivo: ser felizes! E é e-xa-ta-men-te isso o que a Bíblia nos promete no
porvir: FELICIDADE. Que seremos FELIZES. Repare as palavras escolhidas a dedo
pelo apóstolo João, inspirado pelo Espírito Santo: Apocalipse 19.9 escancara
que são “felizes os convidados para o banquete do casamento do
Cordeiro!” E em Ap 20.6 que “felizes e santos os que participam da
primeira ressurreição! A segunda morte não tem poder sobre eles; serão
sacerdotes de Deus e de Cristo”.
Desculpe a
franqueza, mas você vai morrer. Pode ser daqui a 40 anos, 30, 20, 10, 9, 8, 7,
6, 5, 4, 3, 2, 1... Pode ser hoje!
É, meu
amigo, minha amiga, estamos em contagem regressiva. Eu, você, todo mundo. Mas,
depois da bandeirada de chegada o que está reservado para nós não é um túmulo
escuro e frio.
O que nos
espera é um tabernáculo onde “Deus está com os homens, com os quais ele viverá.
Eles serão os seus povos, o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus.
Ele enxugará
dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro,
nem dor, pois a antiga ordem já passou.
“O vencedor
herdará tudo isto, e eu serei seu Deus e ele será meu filho.” (Ap 21.3-7).
Confesso: leio isso e lágrimas escorrem de meus olhos. Pois eu sei que vou
morrer. Mas, muito mais que isso: eu sei que vou viver.
Paz a todos
vocês que estão em Cristo. (*)
Louvai ao Senhor!
Por Cristo. Em Cristo. Para Cristo.
(*) Texto de Mauricio Zágari
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